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    Pedro Paiva

    Jornalista, mora em Nova York. Foi produtor e repórter do América News, jornal do canal internacional da Globo feito para a comunidade brasileiros nos Estados Unidos. É colaborador da Revista Híbrida e da USBRTV nos Estados Unidos. Acompanha a política estadunidense e outros temas importantes do país

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    O medo toma conta do Vale do Silício

    O mais preocupante, porém, é que essas demissões podem causar um efeito dominó

    (Foto: Reuters)

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     A Meta, empresa mãe do Facebook, anunciou ontem a demissão de 10 mil funcionários. Em novembro passado, outros 11 mil trabalhadores tinham sido dispensados. Essa demissão em massa não é exclusividade da empresa de Mark Zuckerberg, mas mais um capítulo em uma onda de cortes que atinge hoje todo o Vale do Silício - e que indica um cenário econômico difícil no horizonte.

    Aqueles que foram demitidos acordaram na terça-feira com um e-mail no qual, em vídeo, Zuckerberg pedia desculpas. Segundo ele, as demissões seriam necessárias, pois a empresa errou nas suas projeções de crescimento, contratando mais trabalhadores do que de fato precisava. O tom foi parecido com a de outras empresas do ramo da tecnologia que fizeram o mesmo. Em janeiro de 2023, o CEO do Google, Sundar Pichai, afirmou, também por e-mail, que a empresa precisaria demitir 12 mil funcionários, visto o momento econômico diferente daquele de quando as contratações tinham sido feitas.

Desde o início do ano, mais de 94 mil pessoas que trabalhavam em empresas de tecnologia foram demitidas nos Estados Unidos. Meta, Google, Twitter, Netflix e Microsoft são algumas das que mais demitiram. A notícia preocupa não só o setor de tecnologia, mas toda a força de trabalho do país. Atualmente, os EUA contam com um dos menores índices de desemprego da história: 3,6%. Para muitos especialistas, porém, esse índice tende a crescer nos próximos meses.

    No caso das empresas de Vale do Silício, o problema parece ter sido o otimismo exacerbado durante a pandemia. Com o distanciamento social em quase todo o mundo, as empresas de tecnologia viram seus negócios decolarem. Mais pessoas passaram a assinar plataformas de streaming, compras online se popularizaram ainda mais e o tempo gasto nas redes sociais disparou. Com isso, muitas dessas empresas viram seu faturamento decolar, mas tudo mudou com o controle da pandemia. Muitos apostaram que o crescimento na demanda desses serviços online seguiria no mesmo ritmo, mas não foi o que aconteceu. Hoje, muitos dos trabalhadores contratados durante a pandemia por conta do crescimento rápido estão perdendo seus empregos.

    No caso do Facebook, a aposta no metaverso também é um dos responsáveis. A empresa apostou todas as suas fichas na construção daquilo que, segundo Zuckerberg, seria o futuro da internet. A companhia e o mercado, porém, não parecem mais estar tão confiantes nessa história. Recentemente a Meta anunciou que seu foco não seria mais no desenvolvimento do metaverso, mas sim no aprimoramento das tecnologias de inteligência artificial.

    O mais preocupante, porém, é que essas demissões podem causar um efeito dominó. Muita gente perde o emprego, o que leva a uma diminuição do consumo, a uma diminuição da demanda, o que pode causar cortes em outras indústrias. Todos os CEOs relataram que as demissões eram, também, uma necessidade tendo em vistas as perspectivas de futuro, tanto no sentido econômico como geopolítico. Tudo isso soma em um clima de preocupação generalizado que pode levar à diminuição de investimentos e, consequentemente, contribuir para uma crise econômica. Resumindo: o medo cresce e ele pode ser avassalador.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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